
Já publicamos, algumas vezes, textos em nosso site sobre eutanásia e suicídio assistido, e sobre como essa questão tão delicada, mas também tão relacionada à dignidade humana, é tratada no Brasil (onde é considerada crime) e em outros países (confira o post nos stories). O debate geralmente vem à tona por conta de pessoas acometidas de doenças graves ou irreversíveis, que causam enorme sofrimento e tornam compreensível o desejo de deixar o mundo.
Nesta terça-feira, 13/09, foi anunciada a morte do cineasta Jean-Luc Godard por suicídio assistido realizado na Suíça. O que chama atenção, entretanto, não foi o suicídio em si, mas sim o fato de que Godard não estava doente e não tinha qualquer condição específica. Estava, segundo publicações, apenas “esgotado”.
Mesmo para os países mais avançados no tema, é um passo menos comum. É intuitivo compreender o desejo de morrer e a busca por auxílio para tanto quando a pessoa sofre. Mas quando é que alguém pode pedir e obter auxílio para desistir da vida por estar cansado ou esgotado? As notícias não mencionam qualquer doença psicológica ou psiquiátrica, mas apenas cansaço. É um tema digno de reflexão.
No Brasil, o mais comum ainda é se esquivar completamente do assunto morte. Quando falam em testamento e planejamento sucessório, os clientes repetem a frase: “se eu morrer”. Se, e não “quando”. Se pensar em fazer um testamento às vezes é doloroso, imagine-se pensar em auxiliar alguém que está doente (ou apenas cansado, como Godard), a se suicidar.
Com o avanço da medicina, no entanto, a tendência é que a discussão sobre o tema se torne cada vez mais natural, tanto em relação à morte em si como a patrimônio ou a cuidados em caso de incapacidade. As pessoas vivem mais, têm mais recursos médicos para buscar e têm, portanto, mais escolhas para fazer em vida. A reflexão sobre seu fim é só mais uma dessas escolhas.
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